Design & Desenvolvimento: Raça

Design & Desenvolvimento: Raça
Raça: Porque ela é importante?
Escrito por James Wyatt
Traduzido por Douglas Ricardo Guimarães
Arte de William O’Connor

Ajuste a máquina de voltar no tempo para Maio de 2004!

Mesmo naquele momento, nós sabíamos que a 4ª Edição estava se aproximando, embora nenhuma atividade oficial nesse sentido seria iniciada durante um ano inteiro. Naquela época, a equipe de desenvolvimento costumava se reunir regularmente no que batizamos por piada como “Cabala do Design”. Então, um dia em Maio de 2004, nós começamos a discutir um assunto: quantas peças um personagem de D&D deveria possuir e qual o tamanho de cada uma dessas peças?

Na 3ª Edição, a classe e os itens mágicos eram as duas maiores peças da engrenagem dos PJs. A raça era importante no 1º nível, mas quando se alcançava o 20º nível, havia muito pouco que separava um guerreiro anão de um guerreiro meio-orc. A diferença entre um bônus de +2 aqui e outro ali era obscurecida pelos enormes bônus dos itens mágicos e dos níveis dos personagens — ela não importava mais.

Nós queríamos que a raça importasse até o final da carreira do personagem; queríamos que houvesse alguma diferença entre dois personagens de raças diferentes, mesmo que todas as outras escolhas fossem idênticas. Nós testamos algumas mecânicas, como as supra-criaturas (ou paragons) no suplemento Unearthed Arcana e os níveis de substituição racial na série de livros Races of … e gostamos dos resultados.

Em maio de 2004, começamos a discutir idéias como uma “raça de 20 níveis”. Nesse modelo de raça com 20 níveis, a cada nível alcançado, o personagem não adquire somente novas características de classe, mas também novas qualidades raciais. A raça pré-determina quais valores de habilidade serão aumentados em alguns níveis, logo a Constituição de um anão sempre terá uma vantagem em relação aos personagens de outras raças. A raça também oferecerá novas habilidades especiais conforme o personagem adquire níveis, obviamente sempre apropriada ao nível geral do personagem.

Uma vantagem importante que percebemos nesse sistema é que ele facilita bastante a inclusão de novas raças sem estar baseado na mecânica mal combinada e complicada dos níveis de ajuste. Caso seja possível dividir as desejadas habilidades mágicas de um drow no decorrer de alguns níveis, eles podem começar no 1º nível em grau de igualdade com as outras raças de personagem. Raças como os githyanki já anteciparam partes dessa idéia, fornecendo novas habilidades similares a magia nos níveis mais elevados.

Então, nos anos seguintes, as coisas mudaram de uma forma que não esperávamos. Ampliamos o jogo para incluir trinta níveis, mas mantivemos as escolhas raciais mais importantes nos primeiros dez níveis. Além disso, outras opções começaram a se acumular para abrir mais espaço para as habilidades especiais da raça escolhida.

Na versão final da 4ª Edição, a maior parte das características raciais de um personagem estará em jogo diretamente no 1º nível, — a resiliência dos anões, a evasão dos elfos, a presença inspiradora dos meio-elfos, etc. Conforme os níveis se acumulam, o personagem poderá escolher talentos raciais para tornar essas habilidades ainda mais emocionantes e ganhar novas capacidades relacionadas à sua raça. Também haverá poderes específicos da raça integrados com a classe do personagem, o que abrange boa parte do que os níveis de substituição racial ofereciam: um guerreiro anão com o poder Amigo da Terra será capaz de realizar um feito que outros guerreiros de 10º nível simplesmente não conseguiriam.

As regras mudaram bastante desde as primeiras discussões sobre as raças de 20 níveis, mas elas ainda servem ao mesmo propósito: assegurar que a raça seja não apenas relevante, mas realmente essencial em todo o caminho de trinta níveis de aventuras.